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05/04/2012

Quintal



QUINTAL
( Arnoldo Pimentel)


As crianças desapareceram do quintal, foram levadas uma a uma pela vida, cada uma seguiu seu próprio caminho, ficaram as vozes e os risos das brincadeiras, que ainda ecoam nas lembranças que pintam as portas e as janelas de verde, de ilusão. No quintal ainda existe o catavento, a bomba d’água manual, que não bombeia mais água para saciar a sede das crianças no quintal. As portas e janelas verdes da casinha branca foram abertas uma a uma , ainda no nascer do dia, o homem com seus setenta e poucos anos saiu pela porta da frente, respirou o ar puro, caminhou até a bomba d’água manual, bombeou a água, lavou o rosto, saciou sua sede, olhou o catavento que se movia, sentiu o vento no rosto como se estivesse catando o vento assim como o catavento e como todas as manhãs atravessou o quintal e seguiu até uma árvore que ficava quase na subida do morro, onde nascia o pequeno riacho que passava lá no fundo do quintal, chegou junto à árvore, onde embaixo era a morada de sua esposa que se foi há álbum tempo, ajoelhou-se e orou como em todas as manhãs.

- Sinto saudades de você – murmurou baixinho

Sentiu o vento tocar seu rosto como se o beijasse, levantou, fez o sinal da cruz e voltou lentamente para casa, parou novamente na bomba d’água manual, que não bombeava mais água para matar a sede das crianças no quintal, matava a sede apenas de quem ficou sozinho catando o vento catado pelo catavento no quintal, que ficava muito além de qualquer litoral, bebeu água sendo observado pelos pássaros que estavam nas árvores ilustrando a manhã de sol, pintando de natureza o pequeno quintal. O homem que era observado pelos pássaros entrou na casinha branca com portas e janelas verdes, que estavam abertas, caminhou até a sala, pegou a espingarda de caça, que a muito tempo não pegava, havia muito tempo que não caçava, sentou no sofá com a espingarda e sentiu o cheiro da mata que observava pela janela. Lá fora os pássaros sobre as árvores fizeram silêncio quando sentiram as portas e janelas verdes da casa serem fechadas, ouviram o silêncio que vinha de dentro da casa, ouviram o vento pelas frestas entrar na casa, de repente partiram em revoada, todos de uma só vez, quando ouviram o grito da espingarda que ecoou em todos os cômodos da casa.



Visite o autor:


Arnoldo Pimentel





Esse conto faz parte da “Trilogia da Casinha Branca” caso o amigo(a) tenha um tempinho leia os outros dois nos links abaixo


ENQUANTO NOSFERATU PERCORRE A PAISAGEM DA SALA QUE FICOU ESQUECIDA NO VENTO

Ventos na primavera

MURMÚRIOS DAS ÁGUAS





10 COMENTÁRIOS:

Tunin

Saudades são saudades!
Conto muito bom. Fiquei em dúvida com o que aconteceu com o estampido da espingarda.
Abração.

Tunin
Este comentário foi removido pelo autor.
Roselia Bezerra

OLÁ, amigos
Estive ausente pela Quaresma...

"Renovar
Perdoar
Esquecer
Corações aquecer!!!"
(Orvalho do Céu)

Páscoa é:


"Coragem é a resistência ao medo,
domínio do medo,
e não a ausência do medo."
(Mark Twain )

SAIR DO PRÓPRIO TÚMULO

Jesus libertou-me... enviou-me anjos para me soltar das amarras que me prendiam...

Apóstolo Pedro: “precisamos dar razões que justifiquem a nossa Esperança” (1Ps 3,15).

FELIZ PÁSCOA PARA TODOS NÓS!!!
Abraços fraternos de paz

Flavio Ribeiro

Ola,
Muitos sabem lidar bem com o que há de positivo na saudade, aquele sentimento gostoso de lembranças que estão lá na mente e no fundinho do coração. Porém muitos não sabem reagir a essa situação e vivenciam o lado mais perverso da saudade.

Não da para saber o que aconteceu, mas espero que nada tenha acontecido com o personagem da história.

Abraços Flávio.
--> Telinha Crítica <--

Edilene

E quem não tem saudades. Esse conto do Arnoldo é mesmo fantástico, Beijos . Feliz Páscoa!

Jack

adorooo sempre os textos que vc coloca :)
bjuss

Sandra

Oi Anne! Passando rapidinho para deixar uma FELIZ PÁSCOA e oferecer o selinho de páscoa. Beijokinhas e bom feriado!!!

Ana Bailune

Um texto sensível e maravilhoso! E gostei da sutileza que você teve para falar da morte e do suicídio... quem nunca teve na vida, uma única vez que fosse, vontade de morrer? Mas felizmente, a maioria de nós tem em si um amor maior pela vida do que pela morte, embora ambas sejam uma e a mesma coisa, mas cada uma deve ser desfrutada no seu devido tempo.

LUCONI MARCIA MARIA

Excelente conto, fica em aberto o que aconteceu com o personagem no final, mas aguça a nossa imaginação, Arnoldo eu gostei demais, beijos Luconi

Arnoldo Pimentel

Muito obrigado pela postagem , por divulgar meu trabalho e o blog do Gambiarra Profana. Deus te ilumine.Beijos

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