O
submundo da internet
(Marineide
dan ribeiro)
Bem-vindo
ao submundo do crime na internet. Esqueça as páginas.com. br que você está
acostumado. Estamos falando de espaços virtuais aonde o Google não chega - a
Deep Web, ou internet profunda. Tem de tudo lá: pedofilia, narcotráfico,
encomenda de assassinatos, tráfico de armas, pessoas e órgãos. Sem contar todo
tipo de bizarrice sexual - até sexo com cadáveres e automutilação - e grupos de
discussão neonazistas e satanistas.
A
Deep Web surgiu nos Estados Unidos em 1998, mas segue pouquíssimo conhecida e
difundida, embora conte com adeptos em Rio Preto. Sua principal característica
é o anonimato do usuário. Diferentemente da internet convencional, os
navegadores da web profunda ocultam o IP (espécie de RG) do computador do
usuário por meio de uma série de servidores espalhados mundo afora. Ao passar
de um servidor para outro, perde-se o registro da conexão originária, o que
torna muito difícil eventual rastreamento pela polícia. Um paraíso para hackers
e criminosos de todo tipo.
A
internet profunda opera como uma cebola, dividida em camadas. Quanto mais
profunda, maior o número de barbaridades que se encontra. A reportagem do
Diário passou três dias mergulhada entre as camadas um e três desse universo
paralelo da web, comparada à parte submersa de um iceberg. E o que encontrou
foi estarrecedor. Navegar em um celeiro de hackers é altamente perigoso. O
risco de ter a máquina invadida e dominada por vírus é imenso. Por isso, o
computador deve estar bem protegido com sistema de firewall e antivírus
potente.
No
nível um, o primeiro passo é baixar um programa específico, chamado Tor. Mais
de 90% das páginas estão em inglês, e os sites não têm nomes simples, como na
internet conhecida. São sempre longas sequências de consoantes, com o final
.onion. Por isso, é necessário pesquisar sites de busca e diretórios de links.
Nesses últimos, há dezenas de páginas com ofertas de droga de todo tipo e preço
em bitcoin, a moeda da Deep Web - cada bitcoin vale cerca de US$ 800. Três
gramas e meio de “Maconha orgânica russa” é vendido a 42 euros, ou 0,094
bitcoin, por exemplo. Também se encontra cocaína, LSD, mescalina e remédios
controlados, como diazepan e oxicodona. Ou é possível aprender a produzir
metanfetamina e preparar um coquetel molotov.
Johnny
Torres
Clique
para ampliar.
O
rio-pretense Júlio Pereira Neto, que usa a Deep Web para pesquisas acadêmicas
Pedofilia
Não
é difícil se deparar com fotos e vídeos de conteúdo pedófilo - crianças e
adolescentes nus e em cenas de sexo explícito - além de cenas de canibalismo e
automutilação. Impossível não ter nojo. Mas há coisa pior, nas camadas mais
profundas, como um livro em inglês que ensina a matar silenciosamente, com o
uso de gás ou veneno. Em fórum latinoamericano, um internauta pôs à venda
meninas de 8 a 12 anos, “do México à Argentina”, com os respectivos preços. As
de 8 anos valem US$ 2 mil, as entre 9 e 10, US$ 1 mil, e as mais velhas, de 12,
US$ 500.
O
estudante de Rio Preto Julio Pereira Neto, 24 anos, se assustou quando, no
nível seis, viu fotos de meninas menores de dez anos transformadas em bonecas
sexuais e vendidas por US$ 60 mil. “Naquele dia eu chorei. Não dá para
acreditar no que o ser humano é capaz.” Julio diz frequentar a Deep Web para
pesquisas acadêmicas e investigação de crimes virtuais, já que faz parte de
grupos de ativismo contra o crime eletrônico. “Há gente do bem nesse meio, mas
a maioria são hackers.”
Para
o delegado Marcínio Tavares Neto, da Delegacia de Repressão aos Crimes
Informáticos (DRCI) em Porto Alegre, a Deep Web está se expandindo no Brasil,
mas, para ele, esse ambiente nunca será mais popular do que a internet
convencional. “A Deep Web é um nicho, lugar que serve para os hackers e
pedófilos trocarem experiências para aplicá-las na internet mais conhecida,
assim como trocar material criminoso obtido aqui em cima.”
Reprodução
Clique
para ampliar.
Sites
na Deep Web oferecem todo tipo de ilegalidade, incluindo fotos de crianças e
adolescentes nus (à esq.) e drogas, como cocaína (dir.), heroína e maconha
>>
Clique aqui e entenda o esquema do Deep Web
A
DEEP WEB DO BEM
A
Deep Web não é apenas uma terra virtual sem lei. Há conteúdo interessante na
internet profunda, como busca de artigos e livros acadêmicos (ainda que muitos
deles sejam pirateados), troca de informações de interesse público e até
disponibilização de milhares de documentos sigilosos - o Wikileaks, site de
divulgação de papéis confidenciais do governo norte-americano, está hospedado
na Deep Web.
A
espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA), dos EUA, nos computadores do
mundo inteiro, denunciada ano passado pelo ex-agente Edward Snowden, aumentou a
popularidade da Deep Web, onde o rastreamento da navegação é muito mais
complicado. “Na Deep Web temas mais polêmicos estão mais expostos, na
tradicional tem menor confiabilidade e não são explícitos. Existem opiniões a
favor e contra as postagens que não são apagadas pelos donos do site. Sites com
conteúdo amador dificilmente são encontrados, quem está ali não navega por
acaso”, afirma a estudante rio-pretense J.F., 28 anos, que preferiu não se
identificar.
Ela
começou a usar a Deep Web há um ano e meio, por curiosidade. “Encontrei coisas
interessantes sobre política e economia mundial em artigos muito bem
fundamentados, coisas com as quais não estava acostumada na internet, muito
menos na mídia tradicional. Comecei a me sentir em casa daí resolvi explorá-la
melhor.” A Deep Web também é muito usada em países onde a liberdade de
expressão é restrita, como no Irã, China e Coreia do Norte. Essa característica
confere utilidade a esse ambiente e impede sua destruição, explica o
especialista em cibersegurança da Unesp em Rio Preto, Adriano Mauro Cansian.
“Nos países civilizados, impedir um ambiente de troca de informações violaria
direitos civis constitucionais e daria um poder totalitário a quem o controla”,
afirma. “O que adianta é combater o crime no ambiente, e não combater o
ambiente em si.”
Pirataria
A
internet profunda é o paraíso da pirataria. Há sites como o Pirate Bay (baía da
pirataria, em inglês) onde se encontra de tudo: músicas, livros e filmes do
mundo todo, sem custo algum. Mas o risco de um desses arquivos vir com algum
vírus indesejado é enorme. “Certa vez esqueci meu mail aberto e passei a
receber spams diariamente. Os hackers estão ali esperando os recém chegados, e
dependendo do conteúdo que você acessa pode se dar mal. Até espiar é perigoso”,
diz.
PF
e FBI monitoram hackers e pedófilos
A
Polícia Federal garante monitorar a Deep Web, mas prefere não entrar em
detalhes sobre o assunto. O Diário apurou que um das técnicas utilizadas pela
Divisão de Crimes Cibernéticos é se infiltrar nos fóruns e disponibilizar
arquivos com conteúdo ilegal - pedofilia, por exemplo - com dispositivos
ocultos que permitem aos agentes identificar o usuário assim que ele faz o
download do material.
Apesar
dessas tentativas, o Brasil ainda não tem infraestrutura suficiente para
rastrear os criminosos na Deep Web, afirma o delegado Marcínio Tavares Neto, da
delegacia de crimes por meio virtual em Porto Alegre. “No mundo, apenas o
governo norteamericano, por meio da NSA (Agência Nacional de Segurança, na
sigla em inglês) e do FBI (a polícia federal norte-americana), tem condições de
investigar esse meio. Até porque 90% do que transita na internet passa pelo
território dos Estados Unidos.”
Capitais
da maioria dos Estados brasileiros têm delegacias especializadas em crimes
cibernéticos - o delegado da de São Paulo, ligada ao Departamento Estadual de
Investigações Criminais (Deic), não quis dar entrevista. Para essas delegacias,
no entanto, o foco está na internet tradicional, diz Marcínio. A explicação é
simples. “Nosso objetivo não é moralizar a internet no mundo, mas investigar os
crimes de que as pessoas são vítimas, e eles ocorrem na nossa internet do dia a
dia, não na Deep Web.”
7 COMENTÁRIOS:
Ao circular pela internet, esperar encontrar as redes do bem. As outras, um perigo e temos que estar atentos! bjs,chica
Eu já tinha ouvido sobre este local terrível. O ser humano pode descer a níveis inimagináveis...
Olá, querida Anne
Deus é por nós, ainda bem que nos livra de gente perversa e sem caráter...
Bjm fraterno e quresmal
Anne! Que coisa estranha, eu não sabia que era tanto assim. Que caminho é esse, de pedra que o ser humano é capaz de traçar? Deus nos livre. Beijo!
Nesse mundo tem de tudo, até as coisas que menos imaginamos, temos que ter sabedoria e discernimento para as nossas escolhas, e sempre procurar o bem... Um grande abraço Anne!
Boa tarde Anne!
Texto bom para saber até onde vai a maldade, nossa, me deu nojo de saber disto.
Ontem vim aqui, mas com pressa não li todo o conteúdo. Isto é uma ilha enorme de pessoas do mau.Tem coisas que não dá para acreditar. Eu tive meu blog duplicado e hakeado, entre outras coisas, na própria internet que vc relata. Estou analisando meu blog, não sei o pq de tanto país que não faz parte, entrar na minha página.Vou nas atualizações de visitas, não entendo, pois não aparece. Atualmente confio desconfiando, pois já tive mt decepção. Pagamos a net, fazemos o nosso trabalho, tem gente que é do mau. Vou ser franca sempre, falam o que quiser.Deus é por nós.Aguentando mt coisa calada. Haja paciência!
Não tenho tempo de ficar na net. Vai ser tudo esclarecido.
Beijos
Nati
Eu fico profundamente assustada com a capacidade do ser humano para coisas obscuras e negras...Há uma tendência para o mal que está levando as pessoas a se degradarem moral e fisicamente...
Bjusssssssss
Postar um comentário