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04/09/2014

Sobre as cores do dia anterior

SOBRE AS CORES DO DIA ANTERIOR

(Arnoldo Pimentel)







Depois da chuva que durou a noite toda e parte da manhã a caminhonete parou em frente ao portão na rua silenciosa.

 O motorista buzinou para avisar ao morador que estava esperando.

 O homem de certa idade abriu a janela de madeira pintada de verde da casa pintada de branco e pediu que esperasse um minuto, fechou a janela, pegou duas sacolas que estavam sobre a mesa, depois pegou o maço de cigarros e os fósforos e colocou no bolso da camisa. 

Saiu da casa encostando a porta atrás si sem se preocupar em passar a chave, caminhou pelo quintal com dificuldade por causa da lama e da idade, abriu o portão, saiu, encostou o portão e entrou na caminhonete.

- Não vai trancar a porta da casa e o portão? – Perguntou o amigo.


- Não há quase nada na casa, só história, e talvez sem importância.


- Aonde vamos?


- Na paróquia, vou levar essas sacolas para a caridade.


- O que tem nas sacolas?


- Carne, decidi não comer mais carne.


O motorista ligou o veículo e foram devagar pela estrada molhada.


- Depois da paróquia você vai trabalhar?


- Não há o que colher, nem mais o que fazer.


- Sempre tem alguma coisa pra colher ou fazer.


- Não, não tem nada.


- Insisto que sempre há o que colher ou fazer.


- Não insista, não há mais nada para salvar nesse lugar.


- Se pensa assim.


- É a realidade. Tudo foi feito em vão. Foi um engano.


- E você pretende ir a algum lugar depois da paróquia?


- Pretendo passar nas trincheiras e ver os resíduos.


- Nas trincheiras só tem mortos.


- E nós o que somos? Vivos? Você acredita que somos vivos?




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09/05/2014

Philadelfia soul








PHILADELPHIA SOUL E O VIOLÃO ACÚSTICO
(Arnoldo Pimentel)

(Este poema é parte integrante do conto “Philadelphia Soul e o Violão Acústico” de Arnoldo Pimentel





Voltei meus olhos para algum lugar que passei,
Não vi luzes, nem guitarra elétrica,
Preferi sentir a solidão do violão acústico que invadia os lagos do luar.



Seus passos ainda existem,
Mas não estou lá,
Talvez nunca tenha estado,
Mas a calçada está,
O muro também está.



Perto da calçada e do muro
Ainda posso ver o Dodge Dart, a Veraneio,
A solidão, a câmera que tremia sobre meus ombros,
E as marcas dos corpos na parede



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31/10/2013

Trilogia Monstros



TRILOGIA MONSTROS

PARTE I

( Arnoldo Pimentel)



O bule do café era verde
A chaleira era branca
Todos dois eram esmaltados
A janela e a porta
Eram fechadas com tramela
Muitos frágeis para os monstros
Que nos espreitavam lá fora




TRILOGIA MONSTROS

PARTE II

Eu parava no umbral da porta
E olhava para o céu coberto de estrelas
Eram tantas estrelas
Tantas estrelas
Que confundiam meus olhos
Eu pedia muito a Deus
Pedia a Deus pelo amor de Deus
Que lá de cima viesse um disco voador
Só um disco voador
E me levasse embora



TRILOGIA MONSTROS

PARTE III


Um dia fui ao cinema assistir
Alien – O Oitavo Passageiro
Entrei na escuridão, na atmosfera do filme
Fiquei olhando aquele planeta tão distante
Tão isolado de tudo
Eu hibernar
Hibernar no espaço sideral
Mesmo que fosse como David ou HAL
Ficar bem longe todas essas coisas
Inclusive das coisas que inventaram
Para nos salvar




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20/06/2013

Morangos no quintal


MORANGOS NO QUINTAL






No poste não havia lâmpada, nem fios,
Eu podia ver o que havia dentro da casa.
Na sala, uma mesa, uma cadeira,
Um livro para ler,
E isso era mais do que eu precisava,
Antigamente eu caminhava todos os dias pela rua,
Mas depois da guerra,
Só caminho pela sala e pelo quintal.




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06/06/2013

Aos dezesseis


DEZESSEIS






Aos sábados pela manhã eu vou à casa de meu pai
Para conversarmos um pouco
O café tem sabor de família
E não é igual ao da padaria
Folheio os jornais para ver as notícias
E damos nossas opiniões
Passo os olhos nos filmes
Os faroestes principalmente, que gostamos tanto,
Mas o que mais gostamos de falar
É sobre os seriados antigos, tipo a “Deusa de Joba” e “Jim das Selvas”
As matinês do seu tempo de rapaz
Tempo que não volta mais

Eu penso em fazer cinema um dia
Fazer um documentário
Mas sobre pessoas comuns
Nada de falsos heróis ou super heróis inventados
Só pessoas comuns.




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14/03/2013

No tempo em que eu não podia...



Poesia de Arnoldo Pimentel


NO TEMPO EM QUE EU NÃO PODIA IR À WOODSTOCK, PROTESTAR CONTRA A GUERRA DO VIETNÃ, GRITAR UM VIVA À CHE GUEVARA, DIZER NÃO À DITADURA, SER LIVRE E BEBER MINHA CERVEJA ATÉ CAIR.


Este poema é dedicado

 ao meu amigo e companheiro do Gambiarra Profana

Sérgio Salles-Oigers e seu espírito livre.

“Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre” Sérgio Salles Oigers


No meu país
Eu tenho hora para acordar
E hora para dormir
Serei preso se não obedecer


A inquisição está atrás do vidro
E nos julga como Josef K foi julgado
Levanta muros entre amigos
Silenciando vidas
Censurando vozes
E expressões artísticas


No meu país eu não posso
Fazer minhas próprias escolhas
E caminhar livre por ai


No meu país eu tenho hora
De acordar e hora de dormir
E serei preso se não obedecer


Na biblioteca não tem os livros
Que eu quero ler
Na loja de discos não tem os discos
Que eu quero ter


No cinema é proibido passar filmes
Como “Fahrenheit 451”, “Easy Rider” ou “Z”,


Na poesia apagam as luzes
Desligam os microfones
E alguns chamam de lixo
A poesia que eu e alguns amigos
Gostamos de escrever


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31/01/2013

Pontes partidas



PONTES PARTIDAS

(Arnoldo Pimentel)




Ouço os sinos de Santa Maria
Ao longe e lembro que a vida passa
Nas ruas por onde ando
Quase não vejo meus vultos

Tem horas que vou até o fim da rua
E olho as pontes partidas
E sinto que preciso
Buscar minhas cavernas para me encontrar

Abro a porta e entro em casa
Nem mesmo acendo a luz
Da sala

Fico de joelhos em frente a imagem
De Nossa Senhora da Conceição
Abro meu coração e peço graça



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21/10/2012

Acalanto para a lua



ACALANTO PARA A LUA
( Arnoldo Pimentel)





Eu via pontes
Eram muitas pontes

Não havia luzes no quarto
E as janelas
Quase nunca estavam abertas

O relógio não anda
Enquanto ando pelas ruas
De bicicleta

Os sinos badalam as seis
O trem apita as nove
E o farol canta um acalanto para a lua
Para que ela também possa dormir

Eu via as pontes
Que não existem mais aqui




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16/08/2012

Atrás das árvores brotam flores







( Arnoldo Pimentel)



Não sei se estender as mãos é o suficiente
Levanto-as para o céu
E as montanhas à minha frente
Continuam quietas

As portas se abrem
E as palavras ecoam em meus ouvidos
As cores das paredes
São sempre iguais

O pássaro que eu espero ver voando
Não cruza o céu
Em direção ao rio

Atrás das árvores brotam flores
Mas para colher
É preciso ter o coração puro

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13/08/2012

Poesias escondidas no quintal dos meus dias




POESIAS ESCONDIDAS NO QUINTAL DOS MEUS DIAS


( Arnoldo Pimentel)





Hoje faço uma homenagem a minha amiga do Grupo Gambiarra Profana e da Folha Cultural Pataxó, cujos blogs podemos encontrar trabalhos da Rosilene. Sempre amiga, tenho muito a agradecer a Rosilene a apresentação do meu livro Nuvens. A poesia da Rosilene já diz por si só o grande talento que ela tem.



Rosilene Jorge dos Ramos, nasceu no dia 30 de junho de 1978 no bairro São Cristovão, cidade do Rio de Janeiro, mas foi criada na Baixada Fluminense, morou em São João do Meriti RJ, estudou em Nilópolis RJ e andou muito por Nova Iguaçu RJ, hoje mora em Casimiro de Abreu RJ, onde atua como professora da rede municipal onde vive e do município de Macaé RJ.
Participa da Folha Cultural Pataxó e do Gambiarra Profana. Em 2000 teve algumas poesias de sua autoria publicadas em um livro coletivo, intitulado “O Pão e a Fome”.
“Poesias Escondidas no Quintal dos Meus Dias” é o primeiro livro de poesias de Rosilene e é editado pela Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó.


ADORNO

Hoje pus flores no cabelo.
Não imaginava causar tanto frisson.
Olhares desviados,
Elogios delicados,
Sorrisos frouxos em minha direção.

Hoje só pus as flores no cabelo
Para dizer que o inverno chega,
Que a primavera não acaba,
Que é preciso parar de chorar.

Hoje pus flores no cabelo
Para secar as lágrimas,
Sorrir com o outro,
Comemorar o sonho,
Espalhar sorrisos,
Dizer que há dias bons.
Hoje pus flores no cabelo
E de maneira simples
E não intencionada
Denunciei o que está em mim.

EU E OS OUTROS, OS OUTROS MAIS EU E UM OUTRO EU

O olhar do outro me reprova.
O olhar do outro me incomoda.

Que merda são os outros!

Todos os olhos
Censuradores, acusadores, nunca culpados.

Os outros sempre fodem com agente.
E eu, enquanto outros, também fodo com os outros?

E se fosse só eu...
Como seria eu?
Haveria um eu?
Eu existiria sem os outros?

EM DOIS

Dividiram-se ao meio desde que nasci:
Olhos do pai, a cara da mãe.

Um corpo e uma alma.

Negaram-me a alma.
Disseram que não era minha.
Destituíram meu corpo.
Disseram que não prestava.

A alma tinha de voltar para o dono
E o corpo devia morrer
Para salvar a alma que prestava,
Mas que nunca me pertenceu,
Nem me pertenceria.

O que sou então?
Um corpo sem alma?
Uma alma sem corpo?

O que sobra para sentir?
O que sobra pra saber?





Para adquirir o livro “Poesias Escondidas no Quintal dos Meus Dias”
Da Rosilene Jorge dos Ramos entre em contato: passe o mouse abaixo e aparecerá o link.



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