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07/04/2014

Segure a peteca

Segure a peteca!

(Marli Soares)





Segure a peteca! Essa é uma expressão conhecida que certamente você já ouviu alguém falar. Significa enfrentar as adversidades da vida, coisa que muito adulto simplesmente não tem coragem de fazer. 

Houve um tempo, há muitas e muitas luas, em que os pais preocupavam-se com a educação de seus filhos e sentiam-se no dever de lhes ensinarem o jogo da vida. E bem cedinho as crianças aprendiam a 'segurar a peteca'. E os pais arremessavam forte a peteca e ninguém era poupado, e se alguém tentasse dar uma de espertinho, os pais, com autoridade, o deixavam direto no banco dos reservas e ele ficava ali, emburrado, pagando o preço da 'esperteza'. E todo mundo acabava aprendendo por osmose. E ninguém ficou traumatizado. Mas hoje em dia a história é outra, o mundo virou do avesso e a vida dos filhos agora é uma verdadeira moleza, quase um conto de fadas (?!), um passe livre para o que der e vier. Os pirralhos pintam e bordam, as crianças maiores fazem o que querem e os adolescentes, grosseiros, respondões e atrevidos, só falta baterem nos pais. E os pais? Bem você já sabe. Os papais e mamães (sem generalizar, ok?) estão aí, suando a camiseta para manterem em dia os looks dos seus rebentos e presenteá-los dia-sim-outro-também, pela vida afora, senão o bicho vai pegar. Eles não suportam a ideia de negar alguma coisa aos filhos. Fazê-los assumir suas responsabilidades, lidar com as frustrações, nem pensar! Sei lá, acho que hoje em dia os pais têm medo dos filhos. E nesse embalo a safadeza e a imbecilidade foram sacramentadas. E o mundo virou nisso que estamos vendo, um bando de gente fraca e sem noção que só pensa em falcatrua. E eu às vezes me pego pensando naqueles tempos em que a gente precisava se esforçar e correr, para não deixar a peteca cair. -- Menos, madame, esse jogo já era. As petecas agora jazem no chão, abandonadas, longe da nossa vista, démodé, entendeu? Ninguém mais quer saber de segurar petecas. -- Verdade, mas não me conformo, essas crianças estão crescendo muito rápido, e sem educação para a vida, o que vai ser? Ops, não vai ser, já foi, já é! Tudo no oba-oba, afinal quem se importa? Essas crianças estão aqui, foram desembarcadas na adultez com a mala repleta de fraqueza, egoísmo e onipotência. E como adultos, seguem -- inteligentes -- alegremente, impunemente, enganando, vandalizando e tiranizando pessoas, animais e coisas. Enquanto uns conseguem disfarçar o mau caráter ocupando cargos elevados, outros justificam atrocidades em nome da justiça. Uma lógica reversa incompreensível para mim.


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6 COMENTÁRIOS:

chica

Marli é maravilhosa...Fala sério e brinca com verdades sempre de uma forma muito legal de ler! beijos às duas,chica

Tina Bau Couto

Adorei a contação e as petecas da ilustração :)

Acho lindas e divertidas, já brinquei de petecar e vez ou outra seguro petecas na vida e ter jogado acho, ajudam na habilidade.

Beijos, penas coloridas e equilíbrio para vc e para Marli (indo visitar ela).

Ivone

Saudade do tempo em que eu brincava com petecas!
Abraços!

Equipe Carlos Hamilton

Querida, quanto tempo que não vejo uma peteca rsss.

Abraços

Célia

Na pureza da infância, as brincadeiras eram bem outras... Hoje, precisamos "segurar sim a peteca" para não desabar nossas emoções comparativas...
Abraço.

Beatriz Bragança

Querida Anne
A autora Marli é o máximo! Ela entende de Educação! Agradeço muito o texto que reflecte uma triste realidade.
Temos de repensar as nossas atitudes para com os nossos filhos,enquanto os formamos para serem cidadãos responsáveis.
Parabéns à autora pela excelência do seu escrito.
Beijinhos
Beatriz

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