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14/03/2013

No tempo em que eu não podia...



Poesia de Arnoldo Pimentel


NO TEMPO EM QUE EU NÃO PODIA IR À WOODSTOCK, PROTESTAR CONTRA A GUERRA DO VIETNÃ, GRITAR UM VIVA À CHE GUEVARA, DIZER NÃO À DITADURA, SER LIVRE E BEBER MINHA CERVEJA ATÉ CAIR.


Este poema é dedicado

 ao meu amigo e companheiro do Gambiarra Profana

Sérgio Salles-Oigers e seu espírito livre.

“Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre” Sérgio Salles Oigers


No meu país
Eu tenho hora para acordar
E hora para dormir
Serei preso se não obedecer


A inquisição está atrás do vidro
E nos julga como Josef K foi julgado
Levanta muros entre amigos
Silenciando vidas
Censurando vozes
E expressões artísticas


No meu país eu não posso
Fazer minhas próprias escolhas
E caminhar livre por ai


No meu país eu tenho hora
De acordar e hora de dormir
E serei preso se não obedecer


Na biblioteca não tem os livros
Que eu quero ler
Na loja de discos não tem os discos
Que eu quero ter


No cinema é proibido passar filmes
Como “Fahrenheit 451”, “Easy Rider” ou “Z”,


Na poesia apagam as luzes
Desligam os microfones
E alguns chamam de lixo
A poesia que eu e alguns amigos
Gostamos de escrever


Visite o autor:Arnoldo Pimentel

6 COMENTÁRIOS:

chica

Gosto muito de ler os poemas e obras do Arnoldo! Sempre bom! abração aos dois,chica

Ana Bailune

Deve ser um lugar muito ruim. Belíssimo poema, e que isto jamais volte a acontecer por aqui.

Janaina Cruz

Em tempos de ditadura haviam poucas coisas que poderiam ser feitas livremente, e foi o tempo em que obras perfeitas foram censuradas, escondidas, condenadas...

Vanuza Pantaleão

Puxa, que bela surpresa encontro por aqui!
Sou amiga da família do Arnoldo de longa data, mas nunca o conheci pessoalmente. Contudo, aprecio muito sua poesia.
Parabéns, Anne!Bjsss

Ana Miranda

Excelente poesia!!!!!

E veio a calhar de duas formas:

Por hoje ser o dia da POESIA e pelo momento político que estamos vivendo, com a população pedindo a saída do Renan Calheiros da presidência do senado e a saída do Marco Feliciano- homofóbico, machista e racista - da presidência da Comissão de Direitos Humanos.

Daniel Costa

Anne

Embora tenha visto o nome do poeta, por aí, nun ca tinha lido nada dele. Valeu a pena a tua opção. Belo poema, com um tema quente, como é a censura, activa e a que sempre está latente, por todo o mundo.
Parabéns ao poeta e beijos a ti, que lhe dás visibilidade.

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