Poesia de Arnoldo Pimentel
NO TEMPO EM QUE EU NÃO PODIA IR À WOODSTOCK, PROTESTAR
CONTRA A GUERRA DO VIETNÃ, GRITAR UM VIVA À CHE GUEVARA, DIZER NÃO À DITADURA,
SER LIVRE E BEBER MINHA CERVEJA ATÉ CAIR.
Este poema é dedicado
ao meu amigo e companheiro do
Gambiarra Profana
Sérgio Salles-Oigers e seu espírito livre.
“Censurar ninguém se atreverá, meu canto já nasceu livre”
Sérgio Salles Oigers
No meu país
Eu tenho hora para acordar
E hora para dormir
Serei preso se não obedecer
A inquisição está atrás do vidro
E nos julga como Josef K foi julgado
Levanta muros entre amigos
Silenciando vidas
Censurando vozes
E expressões artísticas
No meu país eu não posso
Fazer minhas próprias escolhas
E caminhar livre por ai
No meu país eu tenho hora
De acordar e hora de dormir
E serei preso se não obedecer
Na biblioteca não tem os livros
Que eu quero ler
Na loja de discos não tem os discos
Que eu quero ter
No cinema é proibido passar filmes
Como “Fahrenheit 451”, “Easy Rider” ou “Z”,
Na poesia apagam as luzes
Desligam os microfones
E alguns chamam de lixo
A poesia que eu e alguns amigos
Gostamos de escrever
Visite o autor:Arnoldo Pimentel
6 COMENTÁRIOS:
Gosto muito de ler os poemas e obras do Arnoldo! Sempre bom! abração aos dois,chica
Deve ser um lugar muito ruim. Belíssimo poema, e que isto jamais volte a acontecer por aqui.
Em tempos de ditadura haviam poucas coisas que poderiam ser feitas livremente, e foi o tempo em que obras perfeitas foram censuradas, escondidas, condenadas...
Puxa, que bela surpresa encontro por aqui!
Sou amiga da família do Arnoldo de longa data, mas nunca o conheci pessoalmente. Contudo, aprecio muito sua poesia.
Parabéns, Anne!Bjsss
Excelente poesia!!!!!
E veio a calhar de duas formas:
Por hoje ser o dia da POESIA e pelo momento político que estamos vivendo, com a população pedindo a saída do Renan Calheiros da presidência do senado e a saída do Marco Feliciano- homofóbico, machista e racista - da presidência da Comissão de Direitos Humanos.
Anne
Embora tenha visto o nome do poeta, por aí, nun ca tinha lido nada dele. Valeu a pena a tua opção. Belo poema, com um tema quente, como é a censura, activa e a que sempre está latente, por todo o mundo.
Parabéns ao poeta e beijos a ti, que lhe dás visibilidade.
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