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17/02/2012

O poeta e a barata





O POETA E A BARATA
( CARLOS SOARES)


Vocês pensam que só mulher tem medo de barata? Engano total. Eu também tenho e não sinto vergonha de falar, eu tinha um amigo que morria de medo de galinha. No meu caso não é exatamente medo, sinto repulsa, nojo a ponto de vomitar, não chamem pro mesmo recinto “Carlos e barata”, pois ela fica e eu saio. Se pousar em mim então... quase morro, passo mil desinfetantes no local. Quando era novo, rasguei uma camisa porque uma veio voando e entrou. De vez em quando eu mato uma, viro o rosto e disparo inseticida, jamais esmago, aí mesmo que meu estômago vira. Depois eu varro sem olhar para ela. É dose, viu? Já dormi sem banho porque tinha uma barata no banheiro, acordei de madrugada todo suado, fui lá, ela não estava, aí tomei banho. Essa aconteceu há poucos dias. Eu sempre ponho o prato na mesa, vou comendo vendo TV. De repente, quem eu vejo do outro lado damesa olhando pra mim, bem de frente? Uma baratona feiosa, enorme, mexendo as antenonas, como se fosse uma convidada pro jantar. . “Ai, meu Deus, e agora? Se eu me levantar bruscamente, ela pode voar pra cima de mim. Ficar quieto também não posso, como vou jantar com esse bicho feio me olhando?”. Foram vários minutos tensos. Dei umas sopradinhas no rumo dela pra ver se ela saía, o máximo que minha visitante indesejável fez, foi dar uma viradinha de lado, mas voltou à posição normal, me encarando. Tomei coragem e observei melhor a danada. Estava gordinha, parecia grávida, isso me deu ainda mais nojo, coloquei até a mão na boca como se fosse vomitar. Falei para ela. “Vai embora, poxa, me deixa em paz”. Parece que ela respondeu. “Vou não, vou ficar aqui pra te aporrinhar”. E as antenas não paravam, depois foram as perninhas cabeludas passando uma na outra. Falei de novo. “Se você não for, vou ter que pegar inseticida e eu não quero fazer isso. Vai embora, vai”. Ela deu um passo à frente. Pensei. “Pronto, ela vai encarar. Agora é ela ou eu”. Olhei pra cima do armário e não vi o inseticida, lembrei que tinha acabado. Minha ideia era me levantar bem devagar, mas meu pé se enroscou no fio do notebook, eu quase caí, ainda bem que não, pois se caísse ia levar junto prato, copo, celular e notebook. A barata também se assustou e voou passando sobre minha cabeça, só faltou eu gritar ”mamãe”. Ela ficou pra lá e pra cá, pousava aqui, pousava lá e eu encurralado no canto, branco de pavor. Foi aí que pensei, ela queria sair. Corri abri a janela e toquei-a c om a toalha e ela voou pra longe, espero que seja pra nunca mais. Falei comigo mesmo. “Vai, minha filha, vai ser feliz e me deixe em paz”.


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10 COMENTÁRIOS:

chica

rssss...Muito legal!!!Gosto dois textos do Carlos! abração,chica

Kunti/Elza Ghetti Zerbatto

Hilário!
Aqui em casa sobra sempre para mim dar um jeito nelas, mesmo tendo filho, marido, cachorro e gato.
Abração e um ótimo feriadão.

Anônimo

Anne! Eu achei essa poesia do Carlos Soares muito boa para quebrar paradigmas. Gostei! Beijos mil!

Célia Gil

Boa reflexão! Bjs e bom fim de semana!

Neno

Também tenho nojo de baratas... e sempre vou ter!!!
Bjs do Neno

DoraDuarte

Pode ser nojento e ssustadora caro colega, mas é cômico, muito engraçado. Faço questão que leia esta historinha minha,(A barata esperta) para você ver a semelhança. Só uma diferença, não tenho medo, só nojo.Muito legal teu texto. Abraços.

DoraDuarte

http://www.recantodasletras.com.br/infantil/1565614

A barata esperta(Dora Duarte)

Edilene

Ri muito. Um barato essa história. Vivo situaçães semelhantes com lagartixas! Beijos e vou lá conhecer o Carlos!

LUCONI MARCIA MARIA

Anne ri um bocado com o Carlos imaginando a cena, coitado beijos Luconi

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR)

Só hoje pude ter o prazer de ver meu texto aqui.Obrigado, gente. A boa notícia, consegui recuperar meu blog. Beijos

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