Você se acha importante?
(Augusto Sperchi)
É muito comum pessoas se sentirem tão importantes a ponto de
pensarem que se elas não estivessem no mundo ele seria um caos, a família não
sobreviveria, os conhecidos morreriam de tristeza, o país seria ingovernável e
a humanidade lamentaria para sempre sua maior perda.
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O ego dessas pessoas é tão
inflado que o Universo gira em torno de seus umbigos. Elas se acham
imprescindíveis, insubstituíveis e se alienam quando se arvoram de deus. Adoram
se gabar de seus feitos mirabolantes, estão sempre aptas a dar lição de moral e
a julgar as outras pessoas seguindo o seu próprio modelo. Também gostam de ser
bajuladas e são sempre seguidas de um séqüito desejoso dos despojos que vão
caindo aqui e acolá por onde elas passam. Exercem uma liderança com base numa
ética duvidosa e se irritam com a oposição que, a seu ver, representa o mal e
deve ser combatida a qualquer preço. Sentem-se acima da lei, prescindem da
política e desdenham da religião. Mas elas deveriam conhecer uma pequena
história, enviada a mim como uma piada,
que narra a saga de um jumento. Veio sem autoria e resolvi reescrevê-la porque,
apesar da graça, ela traz um ensinamento muito profundo. A história é assim: Um
jumento, ao voltar para o estábulo onde ficava confinado com outros de sua
espécie, encontrou sua mãe e logo foi falando de uma experiência que vivera ao
levar um homem para uma cidade. Dizia, todo feliz, que nunca tivera tanta
honra, que as pessoas o saudavam, passavam as mãos pelos seus pêlos, estendiam
tapetes por onde passava e que faziam reverência e abanavam folhas de
palmeiras. A mãe olhava para o filho com um olhar terno, sem querer interromper
sua narrativa. Porém começou a ficar impaciente quando o pequeno jumento, todo
esnobe, começou a se dar uma importância exagerada, dizendo que era o melhor
condutor de homens, era o preferido, era saudado e reverenciado, que não havia
outro jumento como ele, que era o rei de sua espécie. Aproveitando uma pausa do
falastrão, a mãe pergunta quem ele estava levando nas costas. Rapidamente ele
responde que era um tal Jesus, mas isso não vinha ao caso e retomou a
tagarelice, chamando a atenção dos outros jumentos. Aí a mãe proprõe a ele que
voltasse um dia àquela cidade para apurar e comprovar sua popularidade. Então
chegou o dia esperado e o jumento foi escalado para levar dois sacos de
mantimentos e seguir uma grande caravana. Mas, ao chegar na cidade não
aconteceu nada do que esperava, as pessoas passavam por ele e nem o percebiam,
parecia invisível. Seguia o caminho indicado e esperava alguma manifestação
mais adiante, mas nada aconteceu. Chegaram a empurrá-lo e foi até maltratado
quando arriscou uma olhadela pelos becos mais escuros. Entristeceu e voltou ao
estábulo cabisbaixo. Sua mãe percebeu sua tristeza e esperou que ela passasse
para depois falar com ele. Quando se sentiu mais seguro, o pequeno jumento
aproximou-se de sua mãe e manifestou sua indignação. A mãe, como sempre terna,
como todas as mães, olha para o filho inconsolável e diz mansamente: Filho,
você sem esse tal Jesus, não passa de um simples jumento!
Visite o autor: Augusto Sperchi
6 COMENTÁRIOS:
Infelizmente tem muita gente assim no mundo...
abraço
anacosta
Muito lindo esse texto e realmente achar-se indispensável é a maior burrice... E há tantos que se acham! Morreremos e tuuuuuuuuudo ficará andando igualmente ...aabração aos dois,chica
Um belo texto do Augusto e como tem pessoas assim, ótimo post.
Uma história muito boa! rsrsrs... sei de pessoas que precisam urgentemente lê-la.
Realmente, há muita gente assim e que precisam ler urgentemente essa história.
Belo post! excelente escolha.
Beijos e ótima noite pra ti e para os teus.
Furtado.
Criatividade e recado dado com arte.
Parabens.
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